O erro fundamental do homem está no fato de se conceber a vida egoisticamente e não coletiva ou fraternalmente. É próprio dessa psicologia atrasada, natural dos planos inferiores de vida, o erro que leva o indivíduo a centralizar tudo em si mesmo, apegado ao próprio eu, para o qual desejaria que todo o universo convergisse. Este é o princípio de todos os imperialismos, baseados na força. Mas esse procedimento errado não pode impedir que a vida seja um fenômeno coletivo, em que todos os elementos se misturam numa mesma base comum, dentro das mesmas regras fundamentais. Nesse ambiente, quem julga seja vantajoso fazer somente seus negócios, sem inquietar-se pelo dano alheio, fica automaticamente isolado, e não pode viver senão cercado de armas para o ataque e a defesa. E, seguindo todos esse método, a Terra se transforma num campo de guerra para todos, no qual o único trabalho que se faz é o de destruir tudo. Isso, realmente, é o que está acontecendo em nosso mundo. E o que fazem as nações em grande escala, os indivíduos o fazem em pequena. Todos se estão agredindo e defendendo, cada um julgando alcançar sua vantagem. O resultado é um atrito, uma luta, uma destruição geral. Cada um semeia bombas no campo do vizinho. Mas, também, ao seu próprio campo chegam os estilhaços quando elas estouram. Na vida não se pode isolar o dano de ninguém. O dano dos outros acaba, mais cedo ou mais tarde, sendo nosso também. Quem desconhece esse fato, depois terá de aceitar suas conseqüências.
Aqui poderia surgir uma pergunta: como pode a sabedoria da Lei permitir que aconteça tudo isso? A sabedoria do mestre não quer dizer a sabedoria do aluno, que tem de conquistá-la com o seu esforço. O homem tem ainda de aprender muitas coisas. O trabalho que lhe cabe fazer na sua atual fase de evolução e nível de vida, é exatamente o de experimentar sofrimentos e dificuldades, até que aprenda a viver em harmonia com o bem. Ninguém é culpado por estar atrasado no caminho da evolução, mas cada um sofre o dano de não ser obediente à Lei. Só tem direito a desfrutar vantagens quem subiu a planos de existência superiores.
Fato positivo de absoluta vontade da Lei é a evolução do ser. O desenvolvimento da inteligência para orientar-se no caminho da vida é um dos trabalhos mais importantes para atingir esse escopo. Ora, no baixo nível em que se encontra o homem, para desenvolver a inteligência são necessários os choques e os sofrimentos enfrentados por ele na Terra, como conseqüência da sua ignorância. É necessária a destruição, a dor, a guerra, a insegurança de tudo. É necessária essa luta que, com prejuízo da própria vida, tem de ser vencida, custe o que custar. Golpes mais leves não seriam percebidos. E a Lei proporciona as suas provas na medida da sensibilidade dos indivíduos e dá a suas aulas de acordo com a inteligência dos alunos. Pela mesma razão, os selvagens vivem num ambiente selvagem e as feras num mundo feito de ferocidade. Mas, todos estão cumprindo o mesmo trabalho de desenvolver a sua inteligência, cada um no seu nível, na forma adaptada ao conhecimento que já possui. É assim que, através das mais duras experiências, o ser vai ascendendo e, à medida que sobe, estas tomam-se mais leves. Isso porque, aumentando a sensibilidade e a inteligência, as experiências mais dolorosas não teriam sentido na lógica da Lei, pois seriam contraproducentes, esmagando em vez de educar. E, já dissemos, a Lei é sempre boa e construtiva.
Do livro “A Lei de Deus” , capítulo 08