Quando não se conhece a técnica da correção das trajetórias erradas e não se decide a este trabalho espontaneamente, a Lei recai, por meio da dor, manifestando-se desde o erro à necessidade de corrigi-lo. Quanto mais distanciados estivermos da Lei e insensíveis aos seus reclamos, proporcionalmente aumentará a dor devida a este afastamento, até tornar-se um fato tão insuportável que deveremos decidir-nos a eliminá-lo (o erro) a qualquer preço, reentrando na ordem. Uma tal potência corretiva automática deve-se ao fato de que o afastamento da trajetória individual daquela traçada pela Lei produz no ser um estado de desordem, de desarmonia, de dissonância, que se faz perceber como dor. E isso ocorre em proporção ao afastamento, de modo que quanto maior for, maior será a dor. A técnica dessa redenção, por meio da evolução, se realiza ao longo de um processo trifásico, que ao nível humano desempenha a função corretora das trajetórias mal orientadas, para levá-las aos trilhos da Lei , que seguem na direção do S (Deus). Este processo se realiza através de uma típica forma que poderemos chamar o ciclo da redenção.
1 – fase inicial do erro (lançamento da trajetória errada)
2 – fase curativa da dor (sua correção)
3 – fase resolutiva da cura (trajetória justa)
O processo termina sempre com a chegada ao conhecimento, como à cura, ou salvação, ou redenção, isto é, a um estado em que essas metas são conseguidas.
1ª FASE
O ponto de partida do processo é a ignorância e o erro. Por que? Se o ponto de chegada do ciclo é o conhecimento, é lógico que no seu extremo oposto, o ponto de partida seja a ignorância. Eis então que, no início de sua primeira fase, o indivíduo vive nas trevas, não tem conhecimento, age por tentativas e isso o conduz ao erro. Porque um involuído, privado de consciência e conhecimento, não sabe autodirigir-se com inteligência, sabe apenas deixar-se arrastar pelos instintos que, neste caso, vêm do início de sua evolução. Como então corrigir tais erros, fazendo-se compreender por quem ainda não tem capacidade? Assim se justifica o aparecimento posterior da dor, necessária na segunda fase para desempenhar a função corretiva do erro. Dada a natureza do indivíduo, a dor se torna o único meio seguro para estabelecer um diálogo, e o modo pelo o qual a Lei possa mostrar o verdadeiro caminho a percorrer.
Como se vê, tudo é conseqüência do ponto de partida do ciclo, do qual depende o lançamento e a direção de toda a trajetória do seu desenvolvimento.
A causa primeira de tudo está na natureza humana egoísta e separatista, que é levada à procura somente da vantagem própria e do gozo nessa procura, e que não se detém a não ser quando obrigado pelo aparecimento do próprio dano e dor. É assim que a cada erro a Lei reage com uma dor proporcional, que cumpre a sua função corretiva, atingindo o fim principal que é o de ensinar e, assim, eliminar o erro, com a conservação de resultados tão ruins que faz cessar a vontade de repeti-lo. Aprende-se sofrendo o que não se é capaz de aprender raciocinando. Quando o aluno não possui ainda a inteligência de compreender, a sua formação vai-se fazendo justamente à custa de luta e sofrimento, já que a Lei não pode usar outro método na escola. E ensinar-lhes é necessário a fim de que, aprendendo essa lição, se salvem. Ele não sabe, mas deve aprender às suas custas que, num universo regido por uma Lei feita de ordem, uma violação desta ordem, pela própria natureza da infração, inevitavelmente deve doer em quem a pratica.
Dura conseqüência, mas segura e mesmo salutar, porque é a dor que, eliminado o erro que a gera, termina por eliminar-se a si mesma, já que funciona com um benéfico processo de auto-absorção; dada a repugnância que o homem tem pela dor, o fato de associá-la repetidamente à idéia do erro terminará por fixar na sua mente essa repugnância de modo que, eliminada a causa, também possa desaparecer o efeito. A verdadeira lição, a do endireitamento, virá depois.
Do livro ” A Técnica Funcional da Lei de Deus” – cap 06