De tanto caminhar, nossa época progrediu de modo tal que atingiu a fase útil e construtiva: a da dor. Ela fará refletir muitíssimo. É a única estrada da compreensão.
Olhemos em redor do mundo de nossos tempos e observemos o que acontece. O homem, com sua conduta, demonstra não conhecer os princípios que regem e regulam o funcionamento orgânico do universo; comporta-se como se a Lei de Deus não existisse, transgride-a e, sem compreendê-la, sofre-lhe as reações. Nossa humanidade é jovem, ou seja, primitiva, riquíssima de energia e muito pobre de sabedoria. A Terra não passa de lugar de dor, não percebida apenas pela insensibilidade dos que há pouco tempo chegaram de mundos mais baixos. Então, naturalmente, também é lugar de desordem, violência, rebelião e ferocidade. Só o evoluído percebe o inferno que este mundo é. Nesse ambiente, o que domina é a exaltação da força ou exaltação da involução, isto é, do tipo biológico humano ainda próximo da animalidade.
Se olharmos em redor de nós vemos em todas as coisas dominar o desequilíbrio. As vitórias são cada vez mais instáveis; as afirmações, levianas; tudo está confundido num turbilhão de loucura; a riqueza e o poder têm algo de raiva e desespero; todo bem é inseguro e dá-nos, mais do que alegria, o terror de vermo-nos despojados dele. Perdeu-se o senso da harmonia, da calma, da segurança e, por isso, da felicidade. Envenenamo-nos constantemente com sucedâneos e produtos sintéticos, maravilhas da ciência moderna. Imposição e violência em lugar de harmonia e obediência. Parece que a mais angustiosa preocupação da Terra é provocar o nascimento da dor.
Mas, esbocemos mais minuciosamente a substância do atual ciclo histórico. Podemos resumi-lo em quatro períodos trifásicos, nos quais se exprime o ritmo de seu desenvolvimento. Cada termo deriva de outro; assim, ligam-se ritmicamente em cadeia, por força da relação universal de causa e efeito; o efeito por sua vez se transforma em causa. O restante não passa de desenvolvimento em série, lógico e fatal, até que se atinja o termo final. Eis os quatro períodos trifásicos do atual ciclo histórico:
“Crescer, conquistar, combater.
Roubar, matar, destruir.
Empobrecer, sofrer, refletir.
Compreender, reconstruir, progredir.”
Esses períodos representam a última fase de nossa pseudo-civilização materialista e sua passagem a outra civilização. O domínio das forças do planeta por meio da ciência e a conquista do bem-estar material, características de nossos dias, levaram-nos à primeira fase do primeiro período. Crescer não é crime nem erro. É a substância da vida e a vontade da Lei. O crime e o erro residem na direção que demos a esse crescimento. Bastaria crescer lógica, disciplinada, consciente e harmonicamente, tudo de acordo com a Lei. Mas vimos como o involuído sabe apenas crescer desordenadamente, em oposição à Lei.
Que tortuoso e cansativo caminho deve o homem percorrer antes de atingir o objetivo colocado no último período! Tanta dor e destruição para conseguirmos compreender e, em consequência, podermos reconstruir e progredir. Apenas no caso de já termos compreendido é que o objetivo seria logo atingido e não precisaríamos percorrer tão longo e doloroso caminho. O grande problema resume-se em compreender. Compreender para em seguida aplicar a Lei, desse modo evitar a dor e, evoluindo, conquistar a felicidade. Ciência, filosofia, religião, literatura, arte, sociologia, tudo isso deveria facilitar esse entendimento, a aplicação dessa Lei e a substituição do espírito de rebelião e desordem pelo de obediência e ordem.
Do livro ” A Nova Civilização do Terceiro Milênio – Cap 08