É certo que a vida pensa. Vemos seus efeitos, que nos revelam uma extraordinária sabedoria.
Mas a vida não formula seu pensamento com palavras, como o fazemos nós. Ela age, não fala.
Sua linguagem é concreta, manifesta-se materializada nos fatos. Para entender aquela linguagem, é necessário observar esses fatos.
Observando o mundo que nos circunda, é fácil constatar que não há fenômeno cujo desenvolvimento não seja dirigido por uma lei própria, como um trilho já feito sobre o qual ele caminha. Este caminho não se traça ao acaso, mas é orientado com direção a uma dada finalidade, segue uma técnica de desenvolvimento que constitui a lei do fenômeno. Tudo isto é mais evidente no plano físico e dinâmico, domínio da ciência. Assim, os fenômenos movem-se em um regime de planificação preestabelecida, que os enquadra dentro de uma ordem, necessária para que tudo não se desmorone no caos.
A lógica dessa estrutura orgânica faz-nos supor que, para o mesmo regime de ordem, estejam sujeitos também os fenômenos que se processam no plano mental e moral. Tanto mais que eles são de natureza biologicamente mais evoluída do que a dos fenômenos da matéria e da energia, e são mais importantes do que estes, por dizerem respeito à diretriz de nossa conduta e, portanto, à nossa evolução. E, neste caso, trata-se do elemento humano, que é o mais avançado, na escala evolutiva. Tendo em vista tudo aquilo que a ciência nos mostra acontecer nos campos de seu domínio, seria absurdo que a mesma coisa não acontecesse também na zona do ápice da vida, posta frente à evolução, no ponto de sua mais intensa atividade de conquista. A razão nos diz que, além do universo da matéria e da energia, deve haver também um universo do espírito constituído dos valores imponderáveis morais e ideais, isto é, uma outra ordem de fenômenos regulados, como acontece com os outros, por leis que lhes disciplinam o funcionamento.
Conhecer estas leis, para depois adequar-se a elas, significa possuir a arte da conduta certa, podendo gozar de todas as vantagens que dela derivam e evitar todos os danos que são conseqüência fatal de todo erro contra aquelas leis. Esse é um discurso utilitário, coerente com a realidade da vida, que também é utilitária. Nós o estamos fazendo em um momento no qual o homem passa da fase infantil a de adulto. Ele é então capaz de compreendê-lo. É evidente que, presentemente, se vive em um ritmo de transformismo evolutivo acelerado em todos os campos. A vida sabe o que faz. Quem observa seu funcionamento, desde suas primeiras tentativas elementares e formas menos evoluídas até suas construções mais complexas e evoluídas, não pode deixar de encontrar nela uma inteligência superior.
Ainda que contenha males e imperfeições, a vida sempre vence e avança. Se ela, além de suas formas, é constituída, também, de uma inteligente diretriz de funcionamento, é inegável, então, que deve ser possível comunicar-se com essa inteligência para compreender qual é o seu pensamento e a sua vontade. Ora, comunicar-se significa estabelecer um diálogo no qual se propõe questões e se obtêm respostas. Chegados a este ponto, trata-se de resolver o problema de como conseguir estabelecer esse diálogo.
É certo que a vida pensa. Vemos seus efeitos, que nos revelam uma extraordinária sabedoria. Mas a vida não formula seu pensamento com palavras, como o fazemos nós. Ela age, não fala. Sua linguagem é concreta, manifesta-se materializada nos fatos. Para entender aquela linguagem, é necessário observar aqueles fatos. Trata-se de descobrir neles aquele pensamento subterrâneo que se esconde sepulto no íntimo da realidade.
Como aprendê-lo, então? É preciso aprender a comportar-se, a escolher a solução justa para nossos problemas. Em suma, trata-se de conquistar uma nova consciência da vida e um senso de responsabilidade, fruto de um conhecimento anteriormente não possuído. Trata-se de passar do estado de incerteza do primitivo imprevidente, a um novo modo de viver, regido por uma planificação inteligente, para possuir em vez de uma vida incerta e perigosa, uma vida garantida e protegida.
Mas aquilo que é mais urgente para atingir tal planificação e gozar as suas vantagens, é o conhecer e, portanto, o seguir as leis da vida. Sem isto bate-se a cabeça, a cada passo, contra aquelas leis que reagem a cada violação, comportando-se para conosco como nós nos comportamos para com elas. É portanto de supremo interesse conhecê-las, seja para evitar danos, como para ganhar vantagens.