O maior problema de nossa vida consiste nas relações que cada um estabelece com a Lei, porque é dos recíprocos contatos e choques que se seguem, que depende o próprio destino. No conflito entre a vontade anti-Deus do ser rebelde e a vontade de Deus, o impulso da segunda, sendo inesgotável porque é infinita, não podia deixar de vencer o impulso da primeira vontade, naturalmente fechada num limite. Superado assim o impulso rebelde, predomina a atração para Deus, que é aquela que, não obstante todas resistências do AS, dirige o nosso universo. O grande fenômeno da evolução é devido a essa atração. Exemplifiquemos. As águas que descem dos montes vão todas para o mar, que as espera para recolhê-las no seu seio. Mas não encontram um caminho traçado que as guie, e, no entanto, movem-se todas na mesma direção do íntimo impulso de atração. Encontrarão dificuldades, mas resovê-las-ão. Avançarão por tentativas, explorando o desconhecido caminho a percorrer, mas sempre orientados pela certeza absoluta da presença, da meta para a qual as leva essa atração.
O indivíduo que trabalha em sentido anti-Lei procura fortalecer a sua resistência contra a corrente da Lei. Constrói um dique que se manterá em pé enquanto puder, porque está do lado oposto. Mas a corrente não se detém e a água continua a forçar o dique, que gostaria de deter-lhe o curso. O dique se rompe. Este dique é constituído pelo feixe de forças que formam a personalidade do indivíduo situado contra a Lei. O romper-se significa que, naquele momento, ele recebe os efeitos do choque contra a Lei, quer dizer, a reação dela. Significa também que aquela personalidade se precipita, porque a corrente da Lei arrasta a sua inútil resistência. As pedras que formavam o dique são as forças que constituíam a personalidade do indivíduo rebelde. O processo da redenção se realiza quando buscamos seguir espontaneamente a corrente, em vez de procurar resistir-lhe na pretensão de detê-la. Os diques são construídos por nós, com nossos pensamentos e obras. Estas não são feitas com pedras, mas com as forças que lançamos. Cada impulso nosso coloca em seu lugar uma pedra, lança uma força que, somando-se às outras, constrói aquela resistência que representamos com a imagem de um dique. Tanto a construção, como a queda e o choque contra a corrente, são fenômenos de caráter dinâmico e espiritual. Concebendo-os como forças, pode-se calcular o seu valor, os seus impulsos, movimentos, trajetórias, direção, potencial, tipo de estrutura, etc. Todos esses fenômenos nos poderão transmitir a verdade, se submetidos a controle experimental.
Quem segue a corrente da Lei nada perde do fruto dos próprios esforços. Cada braçada que ele dá, nadando a favor da corrente, leva-o adiante no caminho da evolução, atraindo e multiplicando a seu favor tudo o que é positivo, alijando progressivamente tudo o que é negativo e lhe causaria prejuízo. Ele obtém do seu trabalho o rendimento máximo, enquanto o contrário ocorre para quem nada contra a corrente. Aquele que pretende inverter a Lei, é antes por ela invertido. O mecanismo do fenômeno processa-se de tal forma que a tentativa de inverter redunda na inversão de quem tenta fazê-lo, obrigando-se o indivíduo a restituir à Lei na mesma proporção em que tentou lesá-la. É assim que quem faz o mal fá-lo sobretudo a si mesmo, ainda que creia tê-lo feito aos outros. Quem assim procede está demonstrando o próprio egoísmo, e jamais a sua inteligência. Quem opõe um dique à corrente da Lei, opõe-no à corrente da vida, que ninguém pode deter.
Do livro ” Técnica Funcional da Lei de Deus” cap 09